sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Com Muito Prazer ...

O Ravel é que sabia
"A diferença entre ter sexo e saber fazê-lo é mais ou menos a mesma entre apanhar o metro do Intendente para o Rossio e atravessar o Atlântico num voo de longo curso em classe executiva. O sexo pelo sexo resume-se a uma função básica que se cumpre em poucos minutos. O sexo elaborado é outra coisa; é como entrar numa nave espacial, ultrapassar a velocidade da luz e pairar indefinidamente pelo cosmos.
Nem tudo o que dá trabalho também dá prazer e nem tudo o que dá prazer tem de dar trabalho, mas com o sexo, sem um não existe o outro. Para ser bem feito, requer tempo, devoção, técnica, talento e inspiração. Não é para despachar, é para cultivar. Não é para ir a correr, é para fazer devagar. E não é para quem quer receber, mas para quem sabe dar.
Uma amiga minha chama à prática cuidada e actos de prazer exercícios de amor. Dois corpos, mil gestos, um todo. Se o tempo pára mesmo ou os ponteiros invertem o seu sentido, isso nunca vi. Mas acredito, proclamo, professo e subscrevo que na cama, como em tantas outras coisas, o óptimo é inimigo do bom e quem já experimentou seda só volta ao algodão se não tiver outro remédio. Seda é seda. Tão bom como seda só veludo cristal. E o bom sexo tem esse toque, essa magia, esse je ne sais quoi de perfeição que a pele nunca esquece. Ainda que o desejo hiberne, a memória das células está lá, pronta para ser acordada ao primeiro gesto. E são muitas células a chamar para o mesmo lado.
O Bolero de Ravel não é das minhas peças sinfónicas preferidas, mas a sua arquitectura musical agrada-me: a mesma melodia vai sendo repetida languidamente à medida que cada instrumento entra na dança. O início é suave, pianíssimo, como uma canção de embalar, desenvolvendo-se em crescendo, até ao clímax, com a orquestra inteira em toda a sua pujança, terminando em fortíssimo. Em termos musicais chama--se um desenvolvimento amplificador.
O sexo bem executado pode ser isto, uma sucessão de pequenos gestos serenos e sincopados que vão formando um todo cada vez mais forte, cada vez mais intenso, cada vez mais belo. Não interessa tanto o que se faz, mas a maneira como se faz. O que prevalece não é o objectivo, mas tudo o que foi feito para o alcançar. Não há um fim, apenas uma pausa, porque nunca se fez tudo, ainda que o corpo sinta que foi muito longe, para lá da velocidade da luz, algures entre o Olimpo e o Nirvana, o ponto mais alto da meditação que dissolve o ego, no qual o ser consegue abandonar a solidão individual para se abandonar à entrega total.
A sensação de dissolução não tem preço nem explicação. É como o talento, que não tem culpa nem mérito. A prática de sexo de alta qualidade encerra uma sabedoria intuitiva que se vai cultivando com tempo e dedicação. E, se no meio de tudo isto, ainda houver amor, então chegamos ao Pleno, essa terra prometida entre o Olimpo e o Nirvana, que existe dentro de nós. Mas não basta querer, é preciso saber. E o Ravel é que sabia".
por MargaridaRebeloPinto

Passaram-se os 18 Meses !
Daqui por dois dias, serão 13 Meses !
Andámos para trás ? Não.
As nossas contas são apenas diferentes.
As recordações e datas referem-se a situações distintas.


1 comentário:

  1. As fantasias sexuais são úteis para consolidar a relação e dar asas à intimidade. Mas cuidado com o que imagina, não vão os sonhos assustar a realidade...
    Fantasiar é sonhar acordado. Muitas das vezes, as fantasias excitam-nos exactamente por não serem reais. Muitos especialistas defendem que as pessoas que mais fantasiam são precisamente aquelas que se encontram em relações apaixonadas, felizes e íntimas, em que a confiança mútua permite à mente explorar locais e situações que o corpo não tem intenção de visitar.
    Há quem considere que uma boa imaginação sexual é útil para evitar cair na rotina.
    Tal como acontece noutras áreas da conjugalidade, quanto maior for o conhecimento entre os membros do casal, melhor será a sua comunicação do ponto de vista da sexualidade. É saudável que os membros do casal se sintam disponíveis para partilhar um com o outro as respectivas fantasias sexuais.
    Quanto mais o casal for capaz de expor as suas necessidades, os constrangimentos educacionais, e o mal-estar resultante de experiências traumáticas, menor será a probabilidade de existirem equívocos ou frustrações. Deste diálogo franco podem surgir “acordos” interessantes para ambos, introduzindo novas formas de adrenalina à sua relação.

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